Deficiência e infância: educação inclusiva, reabilitação e tecnologia
Crianças com deficiência representam um montante de quase 240 milhões de pessoas no planeta, de acordo com o relatório “Seen, counted, included”, publicado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em novembro de 2021.
No Brasil, segundo o censo demográfico do IBGE de 2010, esse número chega a 7,5% da população de crianças entre 0 e 14 anos.
Antes de tudo, é importante lembrar também que segundo o relatório “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar” da Unicef – que tem por base o Censo Escolar de 2020 -, cerca de 12.506 alunos com deficiência abandonaram a escola em 2020.
Este número significativo da população é frequentemente invisibilizado na nossa sociedade, que por sua vez, coloca, muitas vezes, seus direitos em segundo plano.
Por isso, nós aproveitamos o mês do dia mundial da infância (21/03) para resgatar um assunto sobre essa parcela da população que é de responsabilidade coletiva: a inclusão da criança com deficiência na nossa sociedade.
Nesse processo, a educação é a ponte. Por isso, na leitura você vai encontrar temas como: educação inclusiva, reabilitação através do esporte na infância e tecnologia assistiva no desenvolvimento infantil.
Vamos lá?
Deficiência na infância
Não é novidade que pessoas com deficiência sofrem com a discriminação. No entanto, quando falamos de crianças – principalmente na primeira infância – com deficiência, é comum incorrermos nesse preconceito já estrutural em nossa convivência.
Lamentar o futuro de uma criança por conta de sua deficiência, além de capacitista é um ato que a reduz a uma condição degradante, portanto, na maioria das vezes a criança nem possui a capacidade de compreender o efeito de tais atos.
Inseridas em uma sociedade com expressiva desigualdade, ter uma infância com algum tipo de deficiência é muito desafiador para qualquer criança. No entanto, ter uma deficiência nunca será sinônimo de uma vida marcada pela falta de autonomia.
Todos os setores de nossa sociedade, em maior ou menor grau, podem e devem ser agentes promotores da inclusão.
Por isso, pensando nos pequeninos com alguma deficiência, todos devemos investir em conceitos que deem autonomia a esse grupo de crianças.
Educação inclusiva para pessoas com deficiência na infância
Por muito tempo, o acesso a uma educação que, além de regular, fosse digna, era algo raramente disponível para crianças com alguma deficiência.
Portanto, ainda hoje, a dificuldade em assegurar materialmente um ambiente de aprendizado inclusivo é um grande desafio às redes pública e privada de ensino do país.
Por isso, o conceito de educação inclusiva é tão importante para a infância de crianças com deficiência.
Princípios da educação inclusiva:
- Direitos humanos (o acesso à educação é um direito universal segundo a declaração dos direitos humanos).
- Todos são capazes de aprender e se beneficiam do convívio no ambiente escolar comum quando este é inclusivo.
- Cada pessoa, com deficiência ou sem, possui um processo próprio de aprendizado.
- Participação de todos os agentes (a educação deve ir além da escola, envolvendo também o papel ativo dos pais, da comunidade, etc.).
No entanto, é importante diferenciar conceitos que não são sinônimos, mas que muitas vezes são utilizados de forma indevidamente intercambiável no senso comum, como a educação especial.
Diferença entre educação inclusiva e educação especial
Por definição, a educação inclusiva consiste em ir além da integração, isto é, além de colocar crianças com e sem deficiência juntas, seria garantir um ambiente de aprendizado livre da discriminação e com oferta de iguais oportunidades de conhecimento.
Por sua vez, a educação especial é conhecida como aquela que se volta de forma exclusiva para a deficiência e as especificidades das crianças, assim, quase sempre criando um ambiente isolado das escolas regulares, separando alunos sem deficiência e com deficiência.
Dessa forma, apesar de considerar especificidades envolvendo as demandas e a deficiência da criança, boa parte das críticas ao ensino especial defende que este impossibilita tanto o contato quanto a visibilização da pessoa com deficiência no ambiente de maior socialização do período da infância: a escola, uma vez que o convívio das crianças fica comprometido.
Leia mais sobre a educação especial no nosso blog:
Nova Política de educação especial no Brasil: O que você precisa saber.
Reabilitação através do esporte
Outro ponto marcante na vida de crianças com deficiência é a reabilitação, e o esporte pode cumprir um eficiente papel no desenvolvimento desse processo.
Além de proporcionar o desenvolvimento motor do corpo, a prática de esportes adaptados é muito importante na socialização de pessoas com deficiência.
Na infância não é diferente, crianças com deficiência continuam com bastante energia para gastar e portanto, podem e devem praticar atividades físicas com o devido acompanhamento.
Modalidades com adaptações que levam em conta particularidades específicas ao estímulo e respeito das condições físicas ou intelectuais de cada criança são cada vez mais procuradas.
Veja mais exemplos de modalidades esportivas para pessoas com deficiência:
19 esportes praticados por pessoas com deficiência
Você conhece o vôlei sentado? Entenda como funciona o esporte!
Tênis em cadeira de rodas: Tudo que você preicsa saber
Tecnologia Assistiva
A tecnologia assistiva é o conjunto de recursos e serviços dedicados a ampliar ou possibilitar mais habilidades para a pessoa com deficiência, consequentemente proporcionando um ganho de independência.
A infância é a parte da vida em que os seres humanos mais desenvolvem sua compreensão de mundo e habilidades envolvendo a coordenação motora, o senso de espacialidade e a comunicação.
Por esta razão, no caso de uma infância com deficiência, ter acesso a esses equipamentos pode significar maior qualidade de vida
Hoje em dia, há iniciativas voltadas justamente para o desenvolvimento de tecnologias que vão de auxílio à mobilidade no cotidiano. Como, acessibilidade física e digital e até o turismo inclusivo. Nem sempre há o mesmo olhar para as crianças, mas isso pode mudar.
Por fim, a palavra-chave que fica é a inclusão. Possibilitar que os pequenos com deficiência tenham uma infância livre do preconceito e repleta de autonomia para ter uma vida com mais qualidade e liberdade.
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