Saúde e Qualidade de Vida

Terapia Assistida por Animais: benefícios ao corpo e a mente

Que os animais de estimação trazem alegria ao lar e a todos nós, já está mais que comprovado. Mas você sabia que os pets podem ajudar na recuperação de pessoas que possuem algum tipo de deficiência e até mesmo crianças e idosos? Conheça a pet terapia.

A Terapia Assistida por Animais, ou popularmente chamada de Pet Terapia, pode trazer inúmeros ganhos à saúde humana, desde bem-estar, proporcionando saúde emocional, física, social e cognitiva.

Seja o contato com cachorros ou cavalos, essa terapia alternativa vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil. Por isso, conversamos com a residente do projeto Pet Terapia da Universidade Federal de Pelotas/RS e com o coordenador do Centro de Equoterapia Parceiros e APAE de Pelotas/RS, para saber mais sobre as vantagens dessas intervenções na vida de quem pratica.

Siga a leitura e saiba tudo sobre a Terapia Assistida por Animais e como ela pode trazer muitos benefícios no seu dia a dia!

O que é a Pet Terapia ou Terapia Assistida por Animais

A Terapia Assistida por Animais (TAA), mais conhecida como Pet Terapia, é uma técnica terapêutica realizada por profissionais da saúde, em que os animais são utilizados como co-terapeutas de forma interativa ou lúdica, para auxiliar no tratamento de pessoas que passam por algum problema de saúde ou que estão debilitadas por alguma razão.

Esse contato, que para muitas pessoas pode parecer simples, ajuda no bem-estar de quem vivencia seus benefícios, interferindo positivamente na saúde emocional, física, social e cognitiva.

Segundo pesquisas científicas na área, a utilização dos animais no apoio ao tratamento de pessoas que possuem alguns tipos de problemas de saúde, seja temporário ou não, estimula tanto o aspecto físico quanto o emocional, sendo capaz de melhorar a qualidade de vida e acelerar o processo de recuperação do paciente. Assim como, o contato com os animais contribui contra o estresse, a depressão e a ansiedade.

Quem pode praticar a Pet Terapia

Qualquer pessoa pode incorporar a Pet Terapia em sua rotina. Seja para pessoas que estejam internadas em hospitais, passando por tratamentos de saúde; idosos residentes em moradias de longa permanência; pacientes psiquiátricos; pessoas com deficiência física ou algum tipo de limitação motora; além de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência intelectual, como síndrome de down ou transtorno do espectro autista.

Até mesmo para pessoas que estejam passando por momentos difíceis em sua vida, para diferentes demandas, são os pets que estão ganhado cada vez mais espaço para recuperação e reabilitação dessas pessoas.

Benefícios da Pet Terapia

A interação com cachorros, por exemplo, proporciona um enorme bem-estar psicológico. Além da companhia, os sentimentos proporcionados pelos cães, como amor e aceitação, contribuem no fator psicológico humano.

Dessa forma, a interação pode colaborar com a diminuição da pressão arterial e da frequência cardíaca em idosos, e até mesmo na percepção de dor quando a pessoa se concentra no animal. Nesse sentido, o benefício pode servir para qualquer um, seja para uma pessoa doente ou não.

Além disso, para pessoas que passam pela depressão, o convívio com cachorros pode resultar em momentos agradáveis e felizes. Acariciar um cachorro, por exemplo, pode estimular nosso cérebro na produção de endorfinas, que traz a sensação do relaxamento e controle do estresse.

Além disso, os pets ajudam significativamente na interação social de pessoas que estão socialmente isoladas, seja por motivos de saúde ou por alguma condição.

Da mesma forma, os benefícios da Pet Terapia podem ser observados em diferentes casos, como alzheimer; doenças terminais, mentais ou coronárias; paralisia cerebral; transtornos de comportamentos; entre outros.

Por fim, entre outras vantagens que as pessoas podem ter através da Pet Terapia, podemos destacar os progressos nas habilidades motoras e no equilíbrio; aumento das interações verbais entre membros de um grupo; aumento da capacidade de concentração e atenção; maior autoestima; redução dos níveis de ansiedade e da sensação de solidão; e até melhora na memória.

Tipos de Terapia Assistida por Animais

No Brasil, a prática da Terapia Assistida por animais vem ganhando cada vez mais espaço com a utilização, principalmente, de cavalos e cachorros como co-terapeutas.

Para entender melhor como funciona o trabalho por meio destes animais, a Freedom conversou com a residente do Projeto Pet Terapia da Universidade Federal de Pelotas, no Rio grande do Sul, Sabrina Capella, e com o coordenador do Centro de Equoterapia Parceiros e APAE, Ciro Sena, também de Pelotas.

Pet Terapia UFPel

O Pet Terapia existe desde 2006 na Universidade Federal de Pelotas, como um projeto de ensino, pesquisa e extensão, sediado na unidade da Faculdade de Medicina Veterinária. É ali que os cães são preparados e habilitados para trabalharem junto ao público alvo.

Nesse sentido, o projeto consiste na utilização de cachorros como co-terapeutas para auxiliar em trabalhos que envolvem as Atividades Assistidas por Animais, em Terapias Assistidas por Animais e em trabalhos de Educação Assistida por Animais.

Eles passam por um processo que chamamos de treinamento para o trabalho em si. Eles precisam passar por uma sensibilização. Essa sensibilização é conhecer o que é o toque, aceitar o toque; um abraço mais forte em todas as partes do corpo, de forma agradável; várias mãos ao mesmo tempo; sensibilização em relação aos sons, gritos mais agudos, sirene de ambulância, a todos os sons possíveis do ambiente em que eles vão trabalhar. Eles precisam estar muito acostumados com isso tudo para que seja uma coisa prazerosa para eles também”, conta a residente do projeto, Sabrina Capella.

O projeto Pet Terapia conta com professores da psicologia, da enfermagem; alunos da graduação da psicologia, enfermagem, zootecnia e veterinária; profissionais que vão trabalhar de acordo com cada área, alguns mais focados nos cães e outros nas pessoas.

Dependendo do local onde o projeto visita, há profissionais que trabalham como terapeutas ocupacionais e psicopedagogas, atuando como parceiros para auxiliar de acordo com as atividades que serão desenvolvidas. Atualmente, os trabalhos ocorrem no Hospital Escola UFPel, no Hospital Espírita de Pelotas, algumas escolas e no Centro de Autismo da cidade. Em cada local, é feito um tipo de atividade de acordo com o público alvo.

Como os atendimentos da pet terapia funcionam?

Hoje, o projeto conta com dez cães participantes com diferentes aptidões. Alguns gostam de lidar com idosos por serem mais calmos, outros gostam de brincar e correr junto de crianças. Observada cada aptidão, o animal é direcionado para um tipo de atividade com o público específico.

No Centro de Autismo, por exemplo, há um propósito de realizar Terapias Assistidas por Animais, com uma ou três crianças por vez, um trabalho mais individualizado e focado nas necessidades daquela criança. Em outros locais, como hospitais, fazemos as Atividades Assistidas por Animais, são atividades amplas, não tem foco e um objetivo traçado para um tratamento. Visamos o bem-estar, um momento de tranquilidade, prazer, alegria, redução de medos, momentos de conforto. Nas instituições educacionais é trabalhada a Educação Assistida por Animais, com auxílio de uma psicopedagoga, para crianças regulares ou classe especial, realizando atividades ligadas a alfabetização”, explica Sabrina.

As atividades desenvolvidas com o auxílio dos co-terapeutas vão de interativas às lúdicas, sendo o animal uma forma de facilitar o exercício da atividade e a relação da interação da pessoa com o ambiente em que está inserida e com o seu desenvolvimento social.

Empiricamente é perceptível os benefícios. Quando chegamos no hospital, é uma alegria. No Hospital Espírita notamos os assistidos comentarem que o momento auge da semana é a chegada dos cães. Existem estudos que avaliam os resultados, com dados específicos, mostrando numericamente o que enxergamos visualmente”, ressalta a residente.

As atividades do Pet Terapia estão suspensas desde 2020. Atualmente, o projeto disponibiliza atividades educacionais de forma online através do Facebook e Instagram. Além disso, dá dicas de enriquecimento ambiental para reduzir o estresse do animal na pandemia, por meio de brincadeiras em que as pessoas podem montar em casa, gerando uma distração para o dono e uma relação com o pet.

Você encontra o Pet Terapia no Instagram @pet.terapia e no Facebook @petterapiaufpel. 

Centro de Equoterapia Parceiros e APAE

O Centro de Equoterapia Parceiros e APAE completou recentemente 25 anos de atuação, um dos mais antigos do Rio Grande do Sul. Foi o primeiro centro a buscar uma equipe qualificada para trazer a equoterapia para região.

O local, que atende crianças e adultos com deficiência ou com alguma doença neurológica, está há dois anos sob nova administração, onde hoje atende praticantes através do Sistema Único de Saúde (SUS) ou particular.

De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia – ANDE-BRASIL, a equoterapia “é um método terapêutico, educacional e esportivo que utiliza os movimentos tridimensionais do cavalo como uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação”.

Ou seja, a equoterapia é uma terapia que utiliza cavalos em suas atividades e estimula especialmente a mente e o corpo. Além disso, é uma terapia alternativa e serve de complemento a outros tratamentos para pessoas com deficiência. Através da atividade, são trabalhados o afeto e a socialização, a sensibilidade, desenvolvimento da coordenação motora e a percepção dos movimentos.

A primeira pergunta que surge é: por que o uso do cavalo? A resposta é simples e é comprovada cientificamente. O cavalo difere do passo humano somente 5%. Nós não temos nenhuma outra terapia que consiga dar um estímulo em nível de sistema nervoso central tão parecido ao passo, ao andar do cavalo. Então imagina para uma pessoa que nunca caminhou ou por algum motivo deixou de caminhar, ter um estímulo a nível de sistema nervoso central, como se ela tivesse realmente caminhando”, explica o fisioterapeuta e coordenador do Centro de Equoterapia Parceiros e APAE, Ciro Sena.  

A equoterapia se divide em quatros programas, são eles:

  • Hipoterapia, que se caracteriza pela incapacidade física e/ou mental do praticante em se manter sozinho sobre o cavalo. É um programa em que o praticante é atendido por profissionais da área da saúde; no sentido de trabalhar a reabilitação e o cavalo utilizado como instrumento cinesioterapêutico.
  • Educação e reeducação, programa onde existe maior atuação do pedagogo. O cavalo propicia benefícios pelo movimento tridimensional e multidirecional, e o praticante interage com mais intensidade, além das atividades serem desenvolvidas tanto na área reabilitativa como na área educativa, tanto motora como mental.

Pré-esportivo, com maior atuação do equitador.

Esportivo, com total atuação do equitador.

A equoterapia não é só andar a cavalo, existe toda uma explicação e um estudo. O cavalo tem três andaduras: ao passo, trota e galopa. Na equoterapia nós usamos mais ao passo, só que dentro disso tem pista, sobre pista e transpista – existem cavalos de alta frequência, de média frequência e baixa frequência –, para determinadas patologias, nós precisamos determinar qual passo utilizar”, explica o coordenador.

Da mesma forma, além da questão motora, a equoterapia também envolve a questão psíquica. “A grande maioria trabalha com a área de neurologia. Vemos algumas evoluções a longo prazo, uma pequena coisa pode ser uma coisa muito grande para quem vive aquilo. Os autistas praticam muito hoje em dia, a evolução deles é fantástica, na questão do relacionamento com as pessoas, com os animais, auto confiança e socialização”, ressalta.

É importante ressaltar que para que seja realizada a equoterapia, é necessária uma equipe multidisciplinar, com instrutor de equitação, fisioterapeuta, psicólogo, médico, pedagogo, fonoaudiólogo, no qual cada profissional se encaixará para determinado programa.  Além disso, deve ser realizada em um ambiente adequado e especializado, com cavalos treinados, dóceis e mansos.

Para conhecer mais sobre o trabalho do Centro de Equoterapia Parceiros e APAE, acesse o Instagram @equoterapiaparceiros.

O poder do convívio com os Pets

Uma das grandes vantagens da Pet Terapia é que essa alternativa não precisa necessariamente ser praticada através de atividades lúdicas e interativas. Somente o convívio com os animais já proporciona benefícios para o bem-estar humano. Principalmente para pessoas que se encontram em um momento depressivo ou elaboração de luto, por exemplo.

Da mesma forma, a companhia de um pet pode servir também como um tratamento para melhorar o dia a dia de alguém ou para superar diferentes problemas. Através do convívio, do afeto, da sensação de cuidar e estar sendo cuidado, e do exercício do vínculo afetivo e da responsabilidade de zelar por cuidados de rotina – como alimentar, higienizar, brincar – fortalecem o bem-estar e geram mais qualidade de vida ao dono.

Um exemplo disso é o caso da Isabella Savaget, que teve paralisia cerebral ao nascer e anorexia nervosa no auge da sua adolescência. Ela encontrou no convívio com uma cachorrinha o amor e a salvação que precisava para seguir em frente.

O amor dela me mostrou como é bom viver, eu tinha que estar bem para poder cuidar daquele ser que dependia de mim; eu comecei a comer e me animar porque eu tinha que cuidar dela. Ela me fortaleceu, me sustentou muitas vezes. Descobri na prática que o amor salva, transforma vidas. Ela me deu uma nova vida e eu amei essa vida, ela me deu as cores da vida quando a minha estava preto e branco”, contou Isabella em uma entrevista à Freedom.

Hoje, a Isabella é influenciadora digital e produz conteúdos com a Bellinha, mostrando seu dia a dia e motivando pessoas, além de trazer conhecimento sobre o universo da pessoa com deficiência. Para conhecer a história dela, acesse aqui.

Agora que você já sabe tudo sobre a Terapia Assistida por Animais e os benefícios que eles trazem ao nosso dia a dia, conta pra gente como é a sua experiência com os pets! Aproveita e compartilha esse conteúdo nas redes sociais para que outras pessoas também conheçam a Pet Terapia.

Opa, perai, isso também pode ser legal…

Continue por aqui e confira a historia de sucesso e inspiração Isabella Savaget

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