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A inclusão de personagens PCD nos quadrinhos

Você já parou para pensar quantos personagens PCD (Pessoas com Deficiência) estão na televisão, no cinema, em revistas, em séries, em livros ou nos quadrinhos? Quantos personagens PCD você conhece?

Afinal, na vida real, uma em cada sete pessoas no mundo vive com algum tipo de deficiência, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). São 1 bilhão de pessoas ao redor do globo e 45 milhões, somente no Brasil.

Pela influência que os produtos culturais exercem na opinião pública, nas mudanças sociais e na transformação de estigmas. Atualmente, tem sido muito debatida a representatividade de personagens PCD e as histórias em quadrinhos (HQs) são um exemplo disso.

O que são quadrinhos?

Também conhecidos como gibis, os quadrinhos apresentam narrativas através de textos e imagens. O aspecto gráfico é central para contar as histórias, seja em formato de tirinhas, em jornais, revistas ou livros.

Atualmente, vem crescendo a presença de personagens PCD nas HQs. Ao mesmo tempo que passaram a retratar temas como acessibilidade, mobilidade e inclusão em situações do dia a dia.

Educação nos quadrinhos

A pesquisa intitulada “A inclusão que está nos quadrinhos: como os personagens podem divertir e ensinar sobre as pessoas com deficiência” escrita pela doutoranda Danielle da Silva Pinheiro, foi escrita em 2019 e postada pela Revista Brasileira de Psicologia e Educação; traz um mergulho nesse universo e mostra como figuras já conhecidas têm ganhado amigos com deficiência.

A convivência nas páginas dos gibis é marcada por descobertas e respeito, colaborando para a discussão e compreensão sobre os diversos tipos de deficiências, com orientações leves e divertidas.

Isso reforça o papel dos quadrinhos no campo da educação, mas nem sempre foi assim. Até a década de 1970, o gênero era considerado inadequado para o aprendizado de crianças e adolescentes. Acreditava-se que atrapalhava o crescimento intelectual.

A partir de 1980, os quadrinhos ganharam em diversidade, tanto temática quanto de público. Passaram a integrar livros didáticos, foram abarcados pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e, na década de 90, incorporados como gênero obrigatório pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).

Já em 2006, com estímulo governamental, as HQs começaram a ser compradas e distribuídas para escolas do Ensino Fundamental e Médio. Assim, assumiram uma função didática e pedagógica na compreensão de temáticas variadas, entre elas a deficiência.

Personagens PCD nos quadrinhos

A expressão “pessoa com deficiência” é utilizada para referir-se a quem tem algum impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial, de longo prazo; que pode interferir em sua participação na sociedade de forma plena e igualitária.

A conceituação está contida na Lei Nº 13.146/2015, popularmente conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Aqui, neste texto, falamos um pouco mais sobre o surgimento do termo e alguns conceitos.

A introdução de personagens PCD nas histórias em quadrinhos coincide com a maior aceitação social. Bem como a aceitação do gênero literário, quanto das pessoas com deficiência, após uma longa trajetória de rejeições para ambos.

Isso ocorreu a partir da incorporação de personagens com deficiência em contextos marcados pela naturalização. Ou seja, de forma integrada a um cotidiano comum, sem separações.

Turma da Mônica

Criada pelo desenhista Maurício de Sousa que, desde o ano 2000, passou a incluir personagens PCD de forma lúdica em suas edições.

Os primeiros foram: Luca, um menino usuário de cadeira de rodas que adora esportes, principalmente basquete, e Dorinha, uma garota cega que usa óculos escuros e tem como companhia um cão-guia chamado Radar.

Depois vieram André, um garoto com autismo; Tati, uma menina com Síndrome de Down; Humberto, um menino que não fala, mas não se sabe ao certo se é mudo; Hamyr, uma criança que usa muletas para se locomover; e Edu, que possui Distrofia Muscular de Duchenne.

A inspiração para criá-los tem como fonte pessoas reais, algumas que o próprio Maurício de Souza conheceu ao longo da vida, e outras que são referências por sua atuação ou militância.

Outros trabalhos

Por exemplo, existem outros trabalhos que abordam um tema como esse. O trabalho do cartunista Ziraldo, que já produziu uma cartilha sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), e do cartunista Victor Klier, responsável por criar uma HQ que tem uma adolescente usuária de cadeira de rodas como personagem principal.

Assim como os gibis de Mauricio de Souza, “A turma da Febeca”, o gibi também narra aventuras de crianças e jovens, mas o protagonista é um adolescente que possui paraplegia provocada por uma lesão medular. Da mesma forma que outros personagens PCD também fazem parte da história, que destaca questionamentos habituais sobre acessibilidade.

Em todos os exemplos, os personagens não são definidos por suas limitações, ainda que sejam características marcantes por meio das quais são ensinadas lições sobre as demandas e particularidades de cada deficiência, bem como as formas corretas de ajudar quando preciso.

Assim, funcionam como exemplo de convivência harmoniosa entre pessoas com e sem deficiência, abrindo espaço para mostrar o quanto as rotinas podem ter dinâmicas semelhantes, apesar dos obstáculos de acesso enfrentados no dia a dia.

O benefício da inclusão de personagens PCD

Feita desse modo, essa inclusão favorece sentimentos e atitudes como:

  • Conscientização;
  • Sensibilização;
  • Pertencimento;
  • Respeito;
  • Autoestima
  • Acolhimento;
  • Quebra de estigmas;
  • Combate ao preconceito.

Para que a representação de pessoas com deficiência seja cada vez mais comum nos meios de comunicação e cultura, foi lançado, em 2016, o Projeto Gadim – Aliança Global para Inclusão de Pessoas com Deficiência na Mídia e Entretenimento.

Afinal o objetivo é abordar a questão sob múltiplos olhares, direcionando a diferentes públicos e faixas etárias da sociedade, a partir de produtos dos meios de comunicação e entretenimento.

São formas de dar visibilidade a situações comuns na vida de quem tem mobilidade reduzida, por exemplo, como:

  • Dificuldades no uso do transporte público;
  • Barreiras físicas como calçadas estreitas e asfalto com buracos;
  • Banheiros não adaptados;
  • Falta de rampas de acesso.

Retratar os obstáculos e apuros do dia a dia em quadrinhos, novelas e filmes ajudam a colocar em evidência os reais problemas e demandas, além de trazê-los para a realidade de quem não tem limitações de acesso.

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