Histórias de Sucesso

[História de Sucesso] Clairton Bassin Pivoto

Clairton Bassin Pivoto, com 26 anos, é o mais novo de três irmãos. De família de pequenos agricultores do interior do estado do Rio Grande do Sul, ele saiu da cidade onde morava desde muito cedo por conta da sua limitação.

Clairton nasceu sem a parte inferior do corpo, além dos membros superiores pouco desenvolvidos. Com o apoio e incentivo incondicional da família, o rapaz conquistou seu lugar no mundo. Foi garoto propaganda da AACD, concluiu o curso de Psicologia, é mestre em Gestão e Estratégia de Organizações e publicou um livro.

História de Clairton Bassin Pivoto

Clairton Bassin Pivoto mora em Santiago, no Rio Grande do Sul. Logo quando nasceu, os médicos perceberam que o garoto não havia desenvolvido as partes inferiores do corpo. Além disso, Clairton também tinha pouco dos membros superiores desenvolvidos. Seu braço esquerdo vai até abaixo do cotovelo, enquanto o direito foi desenvolvido até o antebraço.

Na época, seus pais, pequenos agricultores, moravam no interior. Contudo, com a nova realidade, decidiram ir atrás de uma melhor qualidade de vida para Clairton, e mudaram-se para o centro urbano.

“Quando nasci, meus pais abandonaram tudo o que tinham para ir para cidade porque entenderam que na época, no interior talvez eu não pudesse ter autonomia, que não pudesse ter uma vida minimamente ‘normal’. Então largaram tudo o que tinham e o que conheciam, e fomos para cidade”, relembra.

Todavia, a limitação não foi uma restrição. O rapaz sempre se adaptou a se locomover sem a cadeira de rodas, que veio a adquirir anos depois.

“Sempre me adaptei sem a cadeira de rodas, tudo o que eu fazia era no chão. A partir dos 11 para 12 anos de idade, foi que a cadeira de rodas entrou na minha vida, e foi assim que eu consegui uma autonomia muito maior e as coisas tomaram outras proporções. A partir dela eu consegui alcançar inúmeras coisas, foi com a cadeira de rodas que eu consegui tudo o que eu tenho hoje”, conta Clairton.

A importância do apoio de sua família

O rapaz sempre teve o apoio da família, que lhe incentivou a buscar seu lugar no mundo desde os seus primeiros anos de vida. Com o amor e carinho dos pais, Clairton conseguiu se adaptar à sua realidade e condição.

“Sobre a minha adaptação à essa realidade, se eu disser que foi fácil vou estar mentindo. Mas eu sempre tive muito apoio da minha família. Meus pais sempre me incentivaram a lutar e buscar, conquistar o meu espaço, demarcar minha posição. Eles nunca tentaram fazer por mim, pelo contrário, sempre me deram o máximo de autonomia possível”, conta o rapaz.

Foi dessa forma que Clairton foi percebendo que poderia atingir suas metas e conquistar seus sonhos. “Foi largando tudo e indo morar na cidade, que meus pais me fizeram perceber que eu podia, conseguiria. Me incentivaram a buscar sempre cada vez mais, a sempre fazer as coisas por mim, não depender tanto de outras pessoas, de ter a maior autonomia possível”, contou Clairton.

Mudar de casa e de cidade significou muito mais do que Clairton poderia imaginar. Foi com toda mudança, que o rapaz teve a oportunidade de ir para São Paulo fazer parte da Associação de Assistência à Criança Deficiente, a AACD.

O rapaz que virou garoto propaganda da AACD

Quando Clairton teve a oportunidade de fazer parte da AACD, ainda não havia nenhuma unidade no estado do Rio Grande do Sul. O centro de reabilitação está entre os melhores hospitais da Área de Ortopedia e é referência em qualidade no tratamento de pessoas com deficiência física. Por isso, sem pensar duas vezes, junto com sua mãe, foi tentar alternativas para melhorar sua reabilitação física e buscar mais qualidade de vida.

“Minha mãe não conhecia nada além do interior onde morávamos, mas mesmo assim foi comigo para São Paulo, sem conhecer nada e ninguém. Fomos apenas com uma mochila nas costas. Tentamos na AACD outras alternativas e buscamos apoio técnico e especializado para minha condição”, conta Clairton.

Durante os três meses que ficou praticamente morando na unidade do centro de reabilitação de São Paulo, Clairton acabou virando o garoto propaganda da AACD. Ele participou do programa Teleton, que é dedicado a captar recursos para garantir que a Instituição possa auxiliar ainda mais pessoas.

O programa do Teleton, normalmente ocorre uma vez ao ano. Na época em que Clairton estava na AACD, ajudou na captação de recursos para construção da unidade na capital do estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Superação, diploma e a publicação de um livro

Clairton Pivoto sempre foi um rapaz que queria superar os limites e mostrar para o mundo que, como qualquer outra pessoa, possuía a capacidade de conquistar grandes feitos. Até conquistar o diploma, a adaptação nos estudos não foi fácil, barreiras tiveram que ser quebradas e superadas.

“Em relação aos estudos, também foi bastante complicado, principalmente no início. Na época a sociedade estava ainda menos adaptada e preparada do que hoje. Muitas vezes não aceitavam e/ou não existiam alternativas para pessoas com deficiência.”, ressalta Clairton.

Foi persistindo em seus sonhos que Clairton concluiu a graduação em Psicologia pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santiago. E, logo em seguida, teve a conclusão do mestrado em Gestão e Estratégia de Organizações, pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Santo Ângelo. Ele também lançou o livro “Inclusão no Trabalho: obrigatoriedade legal, responsabilidade social ou mera oportunidade de emprego?”.

Um divisor de águas: a cadeira de roda

“A adaptação não é fácil, tudo na vida da pessoa com deficiência é complicado, tudo é conquistado a base de luta. Mas posso falar que um dos divisores de águas da minha vida foi a cadeira de rodas”, relata Clairton.

Clairton tem a convicção que foi através das alternativas para ter mais
qualidade de vida, como a cadeira de rodas, que ele pôde seguir seus sonhos e alcançar seus objetivos.

“A cadeira de rodas me deu autonomia. Eu consegui andar sozinho, consegui alcançar outros espaços. Posso afirmar com convicção que seria muito mais difícil sem a cadeira de rodas, sem a autonomia que eu tenho hoje por conta dela”, afirma o rapaz.

Clairton também se coloca no lugar do outro ao questionar que ainda há alguns preconceitos na sociedade. Através do diálogo e quebrando tabus no dia a dia, que ele combateu os preconceitos que vivenciou na rua. Mesmo assim, não deixa se abalar e continua buscando alcançar novas metas e conquistando outros sonhos.

De estudioso à festeiro e apaixonado

Para quem imagina que Clairton Pivoto é um rapaz sério, está enganado. Como todo jovem, gosta de se divertir entre amigos. E foi em uma ocasião dessas, que conheceu a Gloria Cogo, namorada de 28 anos.

“A forma como nós nos conhecemos foi até engraçada, foi bastante por a caso. Como meus pais são do interior, sempre gostaram de ir para festas locais e rever os parentes. Por coincidência, uma dessas festas ocorrem no final de semana do meu aniversário. Fui junto para comemorar, acabei me divertindo com amigos e, como todo jovem, bebemos. No outro dia não estava disposto à sair, porém acabei querendo ir para festa do interior também. A Gloria morava em uma cidade próxima e, um pouco contrariada, acabou indo para mesma festa com as amigas”, relata Clairton.

Durante a ocasião, trocas de olhares rolaram e os dois acabaram virando amigos nas redes sociais. Gloria chamou Clairton e, de tanto conversar, em um mês o rapaz tomou coragem e foi até o encontro da garota. Depois disso, os dois começaram a namorar. Ela o visitava seguidamente e, em uma dessas idas à sua cidade, acabou presenciando um dos momentos mais difíceis da sua vida.

“Com 4 ou 5 meses de namoro, acabei passando por uma situação complicada. Me envolvi em um acidente quando voltada da universidade”, relembra o rapaz.

O fortalecimento do amor

Clairton voltava de umas das suas atividades para conclusão do mestrado, quando foi atingido por um carro. “Fui arremessado por uns 20 metros de distância, tive fratura na bacia, costela, fraturei vértebras, enfim, fiquei bastante machucado”, relembra. “Ela tinha ido me encontrar e acabou vendo tudo. Ela foi junto ao hospital, ficou comigo o tempo todo, inclusive na recuperação”.

O acidente acabou fortalecendo o relacionamento dos dois. Gloria passou meses na casa de Clairton para ajudar em sua recuperação. “Ela acabou indo morar comigo para ajudar a me cuidar e estamos morando juntos desde então”.

O tempo passou, Clairton se recuperou e vive junto da namorada Gloria e cheio de planos para o futuro. Como sempre, pensando em novas metas a serem alcançadas.

“Planos são vários: seguir trabalhando em prol das pessoas com deficiência, diminuindo barreiras e quebrando os tabus que ainda existem para que possamos conquistar cada vez mais novos espaços. Pretendo adquirir minha casa, buscar talvez um doutorado”, finaliza o rapaz.

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