A historia de Tierri Rodeghiero, medalhista em remo adaptável
Tierri Rodeghiero é atleta de Remo Adaptável e foi medalhista de bronze na Copa Sul Sudeste, que aconteceu em agosto deste ano, na cidade de Porto Alegre, RS.
O atleta conheceu o esporte de remo após possuir Encefalomielite Disseminada Aguda e perder os movimentos. Passados longos períodos de reabilitação, viu na prática esportiva uma nova qualidade de vida.
Ele treina junto à Academia Remo Tissot, com o técnico de remo Oguener Tissot. Depois de cinco meses de treinos regulares, competiu pela primeira vez e já levou bons resultados para casa.
A Freedom Veículos Elétricos LTDA apoia o Remo Adaptável para pessoas com deficiência e patrocina Tierri Rodeghiero.
O atleta
Em janeiro de 2009, Tierri descobriu que tinha adquirido Encefalomielite Disseminada Aguda. Dentre os efeitos do problema, estava a perda dos movimentos.
Encefalomielite Disseminada Aguda é uma doença adquirida através de um vírus ou após a vacinação, que ataca o sistema nervoso e causa febre, cansaço, dor de cabeça, diminuição dos reflexos e a paralisia dos músculos.
Depois de passar, mais ou menos, um mês no hospital, Tierri estava tetraplégico e precisava se adaptar a nova realidade. “Com a fisioterapia e com o passar do tempo, comecei a adquirir os movimentos da parte superior. Foi bem rápido, numa questão de seis meses essa parte já estava praticamente normal. As pernas foram mais demoradas. Eu consigo andar com o andador por distâncias curtas, porque minha lesão não é total, ela é parcial. Fui melhorando e passei a usar cadeira de rodas”, conta Tierri Rodeghiero.
Os primeiros meses foram difíceis. Com um ano de intensas sessões de fisioterapia, Tierri começou a se recuperar. Mas foi depois de passar um tempo no Sarah Kubitschek, em Brasília, que a ficha caiu e ele percebeu que, a partir de então, precisava se adaptar de verdade e buscar uma melhor qualidade de vida. “Eu estava vivendo uma ilusão, achava que estava desse jeito provisoriamente. Sempre me diziam que eu ia melhorar cada vez mais. Mas no Sarah Kubitschek, depois de exames, reforçaram que eu tinha uma lesão na medula e que esse tipo de lesão não se regenera mais. Que é um processo que pode vir a melhorar, mas que eu tinha que viver a vida no momento, que era a cadeira de rodas, e que eu precisava aceitar ela. Foi lá que comecei a aceitar mesmo, onde conheci o esporte de basquete e de remo”, relata o atleta.
Tierri começou as práticas de esportes quando ainda estava em Brasília. Após retornar para a cidade natal, Pelotas, no Rio Grande do Sul, começou o contato direto com o remo adaptável. Foi através de amigos que a vontade se fortaleceu. “Um amigo que tinha caiaque me disse para experimentar e ver se gostava. Eu já tinha experimentado no Sarah Kubitschek. Acabei conhecendo o Oguener e, através do projeto com a Freedom, ele me convidou. Como eu e ele estávamos sempre conversando, a ligação acabou fazendo com que eu fosse para o remo, algo que passei a gostar muito”, conta Tierri.
(Oguener Tissot e Tierri Rodeghiero)
Remo Adaptável
Muitas pessoas com deficiência procuram no esporte uma forma de reabilitação e recuperação. Além de ser fundamental para a promoção da saúde, as práticas de atividades físicas são excelentes para o bem-estar e para o convívio social. As vezes podem, até mesmo, se tornar profissão.
O remo adaptável já existe no Brasil desde 1980. Mas foi em 2008, em Pequim, que a primeira competição de remo foi realizada nos Jogos Paralímpicos. A modalidade é normatizada pelo CPB, Comitê Paralímpico Brasileiro.
Para que o esporte seja praticado, o equipamento usado nas competições é que precisa ser adaptado. Dessa forma, todas as regras do remo são aplicáveis, também, no remo adaptável. O atleta se encaixa em dada categoria conforme o grau da sua mobilidade e tipo de deficiência.
O remo é um esporte que exige disciplina, potência, resistência e técnica apurada. Para pessoas com deficiência que aderem a prática, além disso tudo, é uma forma de superar os limites e possibilitar a melhoria na qualidade de vida.
A medalha de bronze
Depois de passar cerca de cinco meses de treinos regulares e mais pesados, em agosto deste ano, Tierri Rodeghiero foi para a cidade de Porto Alegre participar da Copa Sul Sudeste. Para quem não esperava nada além de apenas conhecimento sobre aquele dia, a medalha de bronze e a classificação para o Campeonato Brasileiro, em São Paulo, foram realmente uma grande surpresa.
“Para mim, foi uma surpresa conseguir. Eu e o Oguener tínhamos em mente que eu estava indo para conhecer. Se achasse que daria para ficar entre os três primeiros, que tentasse. Tinham atletas com muito mais treinamento que eu, com cinco ou seis anos de remo. Eu era um dos mais novos na prática. Nunca tinha competido, inclusive. Quando larguei estava em último, mas ao perceber que estava passando por eles, vi que poderia chegar. Entre o quarto colocado, foram quatro segundos de diferença. Foi bem competitivo. Com certeza foi um estímulo a mais para seguir no esporte. Mostra que sou capaz”, relata o atleta Tierri Rodeghiero.
O esportista também falou sobre a dedicação e a força de vontade que o fizeram estar entre os três primeiros colocados. “Acho que um pouco foi a dedicação. Também por as pessoas acreditarem em mim e no meu potencial, como o Oguener e a Freedom por estar patrocinando. Eu acho que temos que buscar e lutar todos os dias. Ficar parado em casa esperando, nada vai acontecer”.
O apoio da Freedom
Junto a Academia Remo Tissot, o técnico de remo Oguener Tissot e sua equipe desenvolvem a prática esportiva para o público em geral, assim como no projeto Remar Para o Futuro, um trabalho realizado com jovens atletas de escolas públicas da rede municipal de ensino, visando a socialização e formação de futuros profissionais do esporte.
A Freedom Veículos Elétricos LTDA também está junto nesse trabalho e apadrinhou o atleta de remo adaptável, Tierri Rodeghiero. Apoiar projetos e incentivar atividades com o objetivo de fornecer melhor qualidade de vida, é também uma forma de promover a acessibilidade e a inclusão social.
Remando à frente
Tierri é formado no curso de mecânica, pelo Instituto Federal Sul Rio-Grandense, IFSUL. Atualmente, segue com as práticas de remo três vezes na semana para se preparar ao Campeonato Brasileiro, que acontece em novembro, em São Paulo. Ele pretende se profissionalizar cada vez mais para se manter na modalidade do esporte e fazer disso algo maior para sua carreira.
Além do remo, Tierri pratica duas vezes na semana o basquete, junto à um projeto desenvolvido pela ESEF, Escola Superior de Educação Física, da Universidade Federal de Pelotas. A atividade física já faz parte da rotina. “Cada dia para mim é uma surpresa, tento me superar sempre”, finaliza Tierri Rodeghiero.
A ideia é não se acomodar. Através do esporte que o atleta de remo adaptável, Tierri Rodeghiero, segue para o futuro.