Abril Verde: cultura de segurança no trabalho

O mês de abril marca uma das campanhas mais importantes do calendário nacional de saúde pública e do trabalho: o Abril Verde. Criada com o objetivo de reforçar a importância da prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. A campanha busca promover uma reflexão ampla sobre a segurança no trabalho e incentivar práticas que priorizem a integridade física e mental dos trabalhadores.

A adoção de uma cultura de segurança vai além do cumprimento de normas legais. Ela envolve uma transformação profunda na forma como as empresas, os profissionais e a sociedade compreendem o papel do trabalho na vida humana e o valor da saúde como bem inegociável.

Origem do Abril Verde

O mês de abril foi escolhido em alusão ao Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, celebrado em 28 de abril. A data, reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), homenageia todos os trabalhadores que perderam a vida em decorrência de atividades laborais e visa estimular medidas que reduzam os riscos e promovam ambientes de trabalho mais seguros.

No Brasil, o Abril Verde se consolidou como uma campanha de mobilização que envolve empresas, sindicatos, instituições públicas e a sociedade civil, utilizando o laço verde como símbolo de apoio à causa.

Cenário atual dos acidentes de trabalho no Brasil

O Brasil apresenta números elevados de acidentes relacionados ao trabalho. Segundo o Serviço Social da Indústria do Rio Grande do Sul (SESI-RS), com base em dados do INSS, foram registrados mais de 600 mil acidentes de trabalho em 2023. Desse total, milhares resultaram em incapacidades permanentes e centenas em mortes.

Essas estatísticas revelam, portanto, não apenas a vulnerabilidade dos trabalhadores em determinados setores — como construção civil, transporte e indústria —, mas também a urgência de se adotar práticas preventivas de forma ampla e consistente.

O que é cultura de segurança no trabalho

A cultura de segurança no trabalho se refere ao conjunto de valores, crenças, atitudes e comportamentos compartilhados dentro de uma organização ou instituição que priorizam a prevenção de acidentes e o bem-estar dos trabalhadores.

Trata-se de uma cultura que não se resume à aplicação de normas técnicas ou à disponibilização de equipamentos de proteção individual (EPIs). Pelo contrário, ela envolve:

• Educação contínua e treinamentos práticos
  
• Participação ativa de gestores e colaboradores
  
• Canal aberto para comunicação e denúncias
  
• Valorização da vida e da saúde como princípios organizacionais
  
• Monitoramento constante de riscos
  

Quando essa mentalidade está enraizada em todos os níveis de uma organização, a segurança deixa de ser uma exigência externa e passa a ser uma prática cotidiana, natural e coletiva.

Prevenção: o caminho mais eficaz

A prevenção é o eixo central da campanha Abril Verde. A maioria dos acidentes e doenças ocupacionais pode ser evitada com ações simples, como inspeções regulares nos ambientes de trabalho, análise de riscos, manutenção preventiva de equipamentos e treinamento das equipes.

Além disso, é fundamental investir em educação e conscientização. A mudança de comportamento começa com o entendimento claro de que segurança não é apenas responsabilidade do setor de saúde e segurança do trabalho, mas de todos os que compartilham o mesmo espaço laboral.

Nenhuma cultura organizacional se consolida sem o engajamento da liderança. Por isso, gestores e supervisores devem ser os primeiros a adotar posturas seguras, cobrar boas práticas e garantir que as políticas de segurança sejam respeitadas.

Mais do que isso, a liderança deve inspirar e criar condições para que a equipe trabalhe com confiança, apoio e estrutura adequada. Quando o ambiente é seguro, o trabalhador se sente valorizado — e isso impacta diretamente na produtividade, na qualidade do trabalho e na retenção de talentos.

Segurança também é saúde mental

A discussão sobre segurança no trabalho precisa incluir a saúde mental como parte essencial do bem-estar profissional. Assédio, sobrecarga, jornadas exaustivas e ambientes tóxicos também são fatores de risco — muitas vezes invisíveis — que comprometem seriamente a saúde do trabalhador.

Assim como as medidas físicas de proteção são indispensáveis, o cuidado com o emocional é igualmente urgente. Por isso, a cultura de segurança deve considerar ações que promovam o equilíbrio emocional, a escuta ativa, o respeito às diversidades e políticas claras de prevenção ao assédio moral e sexual.

As doenças relacionadas ao trabalho muitas vezes evoluem de forma silenciosa. Lesões por esforço repetitivo (LER), distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), transtornos de ansiedade, depressão e doenças respiratórias ligadas a ambientes insalubres estão entre as causas mais comuns de afastamento.

Portanto, a prevenção exige atenção contínua a ergonomia, qualidade do ar, ruído, postura, iluminação e carga de trabalho. Promover pausas, alternar tarefas e oferecer suporte técnico são medidas simples que fazem grande diferença a longo prazo.

Responsabilidade coletiva

A cultura de segurança é responsabilidade de todos. Cabe às empresas oferecer condições dignas e seguras, aos gestores promover o cuidado com suas equipes e aos trabalhadores adotarem atitudes responsáveis no seu dia a dia.

Bem como, a sociedade desempenha um papel fundamental ao exigir que direitos trabalhistas sejam respeitados. Assim como, que os espaços laborais estejam alinhados com os princípios da dignidade humana.

Mesmo quem não atua diretamente com segurança do trabalho pode contribuir com a campanha. Algumas formas de apoiar e fortalecer o Abril Verde incluem:

• Divulgar conteúdos informativos nas redes sociais
  
• Organizar palestras e rodas de conversa no ambiente de trabalho
  
• Iluminar fachadas com luz verde em sinal de apoio
  
• Promover treinamentos e reciclagens
  
• Estimular o uso do laço verde
  
• Compartilhar boas práticas de prevenção
  

Além disso, o Abril Verde pode ser um ponto de partida para rever processos e construir metas concretas de melhoria, com base em indicadores de segurança e saúde no trabalho.

Um compromisso que vai além do mês de abril

Embora abril seja o marco da campanha, a construção de uma cultura de segurança é um processo permanente. Os desafios do mundo do trabalho, as mudanças tecnológicas e os novos modelos de gestão exigem atualização constante, vigilância e compromisso ético.

Promover a saúde e segurança no trabalho é preservar vidas. Assim, garantir que cada pessoa retorne para casa com saúde, depois de um dia de trabalho digno, é um dever compartilhado. Nenhuma meta, entrega ou lucro vale mais do que a integridade de quem constrói diariamente os resultados de uma organização.

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