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Arquitetura inclusiva: entenda como ela auxilia a acessibilidade

Tudo à nossa volta envolve arquitetura. O esqueleto da própria casa, as ruas, estradas, prédios, o local de trabalho, faculdade, consultório médico ou praças: todas essas estruturas do nosso dia a dia foram pensadas por meio do olhar da arquitetura.

Sendo assim, é crucial pensar na diversidade humana, e sempre em gerar acessibilidade a todos — o que inclui principalmente pessoas com algum tipo de deficiência. Em outras palavras, é necessária uma arquitetura inclusiva.

Uma longa escadaria, por exemplo, pode ser muito bela e carregar significados interessantes, mas há de se pensar se vale a pena sacrificar o acesso de várias pessoas a esse espaço em prol da beleza.

O princípio da arquitetura inclusiva surgiu durante a Segunda Guerra Mundial, época em que muitos veteranos de guerra voltavam mutilados ou com limitações físicas. Dessa forma, as construções e espaços públicos foram se adaptando a essas novas necessidades.

Hoje, segundo estatísticas do Censo Demográfico de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 46 milhões de brasileiros (próximo de 24% da população) vivem com algum tipo de deficiência.

E esse grande número só comprova que os ambientes precisam ser pensados e criados para funcionarem nas mais diversas anatomias e particularidades. Então, para te ajudar a entender melhor do que se trata a arquitetura inclusiva, trouxemos neste post alguns conceitos. Confira!

O “homem-padrão”

A ideia de homem-padrão surgiu na década de 60, nos Estados Unidos. Basicamente, ele era definido como um homem com plenas capacidades mentais e físicas, e tudo ao seu redor era pensado a partir dessa definição.

Com o passar do tempo, contudo, tal conceito foi se mostrando não mais suficiente. A tomada de consciência da diversidade de corpos fez, cada vez mais, com que essa ideia ficasse defasada e precisasse ser repensada.

O desenho universal

É a partir dessa virada que surge o desenho universal. Nele, tudo é pensado para ser acessível a toda e qualquer pessoa, sejam quais forem suas características físicas, idade ou capacidades individuais.

Como explica Silvana Cambiaghi, autora do livro Desenho Universal, à Revista Arquitetura Universal:

A meta é que qualquer ambiente ou produto seja alcançado, manipulado e usado, independentemente do tamanho do corpo do indivíduo, de sua postura ou mobilidade.

Acessibilidade no Brasil

Sem dúvida, um grande passo para a acessibilidade no país foi a criação da norma técnica NBR 9050/04 — Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos, atualizada em 2015 pela ABNT.

A norma tem força de lei federal, e estabelece vários parâmetros que são obrigatórios para produções arquitetônicas respeitarem a diversidade. Além disso, como forma de complementá-la, outras leis também foram criadas.

A lei Federal n° 10.048 e a n° 10.098. A primeira delas fala sobre atendimento prioritário e de acessibilidade dos meios de transporte, enquanto a segunda subdivide acessibilidade a meios físico, de transporte, comunicação, informação e ajuda técnica.

Por fim, além das medidas legislativas, o movimento de arquitetura inclusiva como um todo também tem se fortalecido entre a população. Seja de forma independente ou por meio de ONGs, o debate tem acontecido com mais força e gerado cada vez melhores resultados.

Como pensar na arquitetura inclusiva na prática

Como vimos, a arquitetura inclusiva é aquela que, em geral, respeita a diversidade. Portanto, qualquer medida prática que tenha isso como objetivo estará se encaminhando para a criação de espaços mais universalmente acessíveis.

Algumas delas são simples e de baixo custo — mas, ainda assim, geram um grande impacto positivo na vida de pessoas que precisam de mais acessibilidade. As rampas são um bom exemplo disso.

De simples construção e sem adicionar custos a uma obra, elas são as substitutas ideais para as escadas — que impedem não só pessoas com cadeiras de rodas, mas qualquer um que tenha a mobilidade reduzida.

Segundo as normas, elas devem ter, no máximo, 8% de inclinação em relação ao chão, para que seja possível subir sem tanto esforço de impulsão. Ou mesmo para cadeiras motorizadas terem mais facilidade. Nesse caso, pisos emborrachados e sem tapetes são a melhor opção.

Outra característica importante para se ter em mente em uma construção é a largura das portas e corredores. É ideal que essas aberturas sejam de 90 cm para portas, e maiores que 1 metro para corredores.

Já dentro de casa, uma medida simples de se implantar é manter a área de circulação o mais livre possível.

Para isso, é bom reduzir a quantidade de móveis que ficam nas passagens de pessoas, repensar os tapetes da casa, trocar armários com portas de abrir por portas de correr e optar por alturas que funcionem também para quem estiver em cadeiras de rodas.

Aliás, um cômodo da casa que pede uma atenção redobrada é o banheiro. Aqui, pisos antiderrapantes, barras de apoio e uma organização de móveis que preze pela livre circulação são imprescindíveis para um espaço acessível.

Tecnologia de automação

A automação também teve início nos anos 80, ancorada principalmente na evolução da informática e da tecnologia. Afinal, elas serviram de ferramenta para criar soluções simples e funcionais dentro do setor da construção civil.

De fato, essas tecnologias são capazes de elaborar sistemas de automação que podem controlar diversos aparatos da casa, facilitando a locomoção e o acesso a todas as áreas de um espaço.

Quanto a isso, o que para alguns é apenas um luxo, para as pessoas que precisam de mais acessibilidade pode ser um item essencial. Sensores de presença, portas e janelas que abrem e fecham com um toque, acionamento de luzes, e camas articuladas são apenas alguns dos exemplos.

Assim, a automação inclusiva se preocupa com o bem-estar do usuário, sua independência, saúde, acessibilidade e segurança.

Além disso, são medidas que, muitas vezes, não exigem mudanças tão radicais na casa, barateando os custos para torná-la mais acessível para diferentes pessoas.

Enfim, no atual cenário da nossa sociedade, é mesmo importante trazer a tona o debate sobre arquitetura inclusiva. Tanto nas escolas e faculdades voltadas para a área como nas legislações e em forma de conscientização para a população. Agora, então, que tal compartilhar esse post em suas redes sociais?

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